Eu
não sei o que acontece comigo... Do riso se faz o pranto tão rapidamente... De
repente eu nem sei quem sou... Às vezes tudo parece fantasia, como um filme,
onde tudo termina bem, mas quando vejo, é real... Tudo foi apenas ilusão...
Talvez eu quisesse ser alguém... Um alguém pra alguém... Sinto-me tão só, tão
jogada no mundo... Acho que busco a utopia da vida humana... Busco a utopia de
uma vida barata... Uma vida inexistente...
Parece
que vivo uma vida que não é minha... Talvez eu esteja apenas de passagem... Eu
espero algo melhor, mas me acovardo nos atos, acovardo-me na voz... Calo-me...
Pouso na tranquilidade de uma vida sem objetivo... Acomodo-me nessa rotina
indesejada.
Eu
não sei na verdade quem sou... Será que sou realmente isto? Ou será que há uma
evolução? Será que de verme passarei a ser algo menos repugnante?
Sou
homem. Sou bicho. Sou estrela. Sou carne. Sou sangue.
Sou
o sangue derramado de tantas feridas. Sim, realmente penso que sou aquele
sangue, porque parece que sempre estou sangrando, se não é real, invento. É
como se eu só existisse quando sangro. Quando choro. Quando morro aos poucos
com o lixo que fiz de minha vida. Tão dependente. Tão tristonha. Tão miserável.
Quando
pensei me encontrar me perdi. Perdi as palavras. Perdi o significado. Perdi
minha essência. Não sei o que acontece comigo. Eu não sei quem eu sou. Mas sou.
Mas vivo. E morro, para não morrer de uma vez.